Furtaram a minha boa fé

Em algum momento, sem que  percebesse, fui furtada. Comecei  sentir a ausência de algumas coisas, que faziam parte de mim. Eram coisas de muita importância, mas só depois de muito tempo é que percebi. O ladrão deve ter levado mais coisas, o inventário não está terminado, por enquanto estou sentindo a falta dos meus sentimentos mais puros, da minha boa fé, da mania de acreditar que todas as pessoas são boas e que querem sempre o meu melhor, da vontade de sempre ter alguém por perto, daquele amor inocente que enchia de cor a vida da gente. Em razão desse roubo, notei também que o meu amor se transformou, chega a ser interesseiro, só quero por perto o que me faz bem. Sem ele, ao longo do tempo, fiquei mais desconfiada, não abro as portas para nada. Chego a ter medo de gente. Aquele abraço apertado, parece que já não surte o mesmo efeito. Fico na defensiva, não sei bem como reagir. Há uma certa desconfiança no ar. A inocência é coisa importante, que não deveriam roubar. Os desafios, a vida, as barreiras, as lutas, fazem com que sejamos mais fortes, com a casca mais grossa, aprendemos a superar certas dores, deixamos de nos importar com os amores. Toma cuidado porque isso mascara o furto e esse ladrão é bem dissimulado, esperto que só, leva embora o que sentíamos de melhor. De pouco em pouco deixa vazio os nossos corações e a fé nas pessoas, some sem hesitar, vai embora para sempre e nunca irá voltar. Esse roubo deixa marcas, não seremos os mesmos, nem se o tempo passar. Vou fazer uma queixa e ver se conseguem achar, onde estão os meus bons sentimentos que esse larápio insiste em levar. Seu ladrão, devolve o meu amor inocente, quero muito voltar a amar.








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