Gente vive diferente

 A literatura é um ser alienado e iludido, nos seus anseios de sociedade perfeita, fabrica ilusões desnecessárias, contrapõe realidade e ficção como coisas distintas, separadas por uma demarcação colorida, parece real, pura fantasia que mascara a realidade, sociedade alternativa, que não existe aqui nem na China. Não contam histórias de verdade, com gente real, que tem ideias divergentes e personagens vero semelhantes. As que nos contam são de uma sociedade irreal, que não se encaixam dentro desses padrões.  As classes sociais se restringem aos ricos e aos pobres, os que matam e os que morrem, os que tem tudo e os que não tem nada. Só existe bem e mal ou bons e ruins, sendo que cada amanhecer traz consigo um ser que pode se transformar em qualquer coisa. Cada pessoa tem um amigo para chorar no ombro 24h por dia, esse amigo é fabricado em laboratório, não tem vida própria, vive em função do outro. As distâncias se modificam conforme o período do dia, num momento é longe e no outro perto. O dinheiro vai e vem. Tem sempre uma maldade sendo manipulada. A raça é branca ou preta. Ou anda de motorista e senta no banco de trás ou vai de ônibus. Suas mulheres deitam e levantam maquiadas, prontas para qualquer ação. As refeições são preparadas por um estalar de dedos, as casas permanecem limpas em todo o tempo. O ápice da trama é alcançado por alguma maldade. Não faltam emprego e renda, todo mundo trabalha e é bem remunerado, conseguem ter uma vida digna, apenas exercendo algum ofício. Tem especialistas em todas as áreas. As pessoas conversam sobre todos os assuntos íntimos de forma clara e objetiva. Todos sabem de onde vem e para onde vão. Todo mundo deita no divã e faz terapia.  Todos os profissionais são bem sucedidos, sem trabalho duro, se sustentam.

 Por detrás das câmeras, tem gente que não foi filmada, nem descrita. O duro é pensar nessa sociedade que imita a arte, sem saber que existem outras possibilidades. Na arte, a vida é uma ficção. 

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