AUSÊNCIA

 Pouco a pouco, os relacionamentos escorrem pelas mãos, a ausência traz sobre si a obscuridade, o apagamento da memória, a imagem clara da presença, torna-se difusa, escura, perde a cor . A percepção da distância aumenta com o tempo, logo ali torna-se  longe, caminhos controversos impedem de seguir na direção do outro. Cada dia, deixa para traz um pedacinho da  essência, do cheiro, da vontade de ver, esse distanciamento apaga a vontade de ter por perto, a gente esquece como era. Quando o perfume da presença diminui, o único avivamento possível é dentro de um abraço, traz renovo ao sentimento, à saudade. A espera não renova a presença, pelo contrário, apaga, aniquila,  acostuma e chega o tempo que não sente mais nada, nem saudade. Tanto faz, é o sentimento mais mesquinho que podemos ter por alguém, porque é fruto do descaso, da falta de interesse e cuidado. Acostume a ter por perto todos pelos quais nutre algum sentimento, renove sempre que possível os laços desse afeto, desmancha os nós e faz o laço de novo, de longe nenhum sentimento é passível de permanecer. Caminhe sempre na direção daqueles que ama, por vezes, a distância impede o abraço, mas nada se compara aos que não se movem na sua direção, tendo todas as oportunidades. Quando essa falta de interesse invade, os relacionamentos ficam estagnados, não andam para frente, nem tornam para trás. Segue na mesmice da falta de interesse e finda no apagamento das histórias e da memória. Como brasa viva dentro da fogueira, os que se afastam, viram carvão, sozinho, nenhuma brasa permanece acesa. 

Déa Corrêa

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