Care

Nessa semana, estava na loja e entraram três senhoras bem elegantes, todas bem arrumadas e começaram a andar pela loja escolhendo alguns produtos, uma delas com o cartão de crédito na mão queria pagar a compra, e outra falava para esperar,, ela dava uma volta e voltava ao caixa para pagar, até que a irmã mais nova veio conversar e me explicou que duas delas tinham alzheimer, em estágios diferentes. De tempo em tempo, uma vinha ao caixa para pagar, enquanto a outra queria retirar o produto, que não tinha sido pago. Recebi o pagamento de uma delas e embalei o presente para que a outra ficasse com ele, nesse ínterim a irmã  com olhos marejados, me disse que ela traz as irmãs para passearem, mesmo sabendo que elas perderam a noção de algumas coisas, tentando trazer à memória a imagem das irmãs saudáveis e de tudo que elas viveram sempre juntas, todas as viagens e passeios, os restaurantes que visitaram, a vida que tiveram sempre unidas e que de um dia para outro se apaga da mente delas e que o seu maior desejo era ter por um momento apenas as irmãs de volta à realidade. O amor e o sofrimento me comoveu de um jeito, que fiquei sem palavras, apenas um instante de lucidez, era o que ela queria ter com as irmãs. Pensei na quantidade de momentos que podemos viver e não damos o devido valor. A existência é sem propósitos se não for confirmada naquilo que fazemos pelos outros, sem isso, somos apenas seres invisíveis, destituídos do real propósito. A gente é nada, quando não faz nada por ninguém, quando não tem falta da presença. Enxerguei a vida no amor delas, no cuidado, na preocupação com o bem estar, no dar o cartão para que pague a conta sem ter noção da compra. Disso tudo, fica a reflexão "até quando estaremos disponíveis?


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