Rio que separa os mundos
Entre os mundos existe um rio. E o rio é podre. Cheira mal. Causa repulsa de olhar. Um homem caminha na beira do rio. Parece cansado, o que o separa do mundo é o rio. De um lado luxo e riquezas, do outro a miséria e a extrema pobreza. Há um homem na beira do rio. Viro o rosto porque o rio podre incomoda, mas não enxergo o homem da beira do rio. Ali não há nada, somente o homem com cara cansada, que não espera nada. O rio separa os mundos. Cria um abismo profundo entre o homem e eu. Passo pela estrada, não vejo nada. Mas há um homem ali na beira do rio. Chora pela distância que o separa. Amarga desesperança que não poupa nem a criança. Homem que caminha na beira do rio. Chora pelo rio podre, quem sabe alguém te ouve, quem sabe alguém enxerga você. É triste ver o rio. Mais triste ainda é ver que o homem na beira do rio, ninguém vê. Aquele homem banido do mundo. Está entre o rio e eu. O rio é podre, talvez fundo e ele está só. O jardim esconde o rio sujo, mascara o que ninguém quer v...