Saída estratégica

 

Quando os pés cambaleantes e os olhos cansados e turvos não encontram um caminho de fuga, a saída de emergência, a porta de escape, na medida e no tempo da necessidade, bate um sentimento de abandono, de ser o filho que não tem mãe ou  que não tem um colo, de "ser abandonado". Essa fraqueza toma conta do nosso ser, invade a alma e torna o mais forte de todos, num poço de fragilidade, a gente vira gelatina. A força, presumo,  vem do "enxergar o caminho", do "saber onde está pisando", do "ter o controle". Ainda que seja um poder subjetivo, irreal, porque no fundo não há controle, não detemos o poder sobre nada, somos poeira cósmica. E é esse medo de não encontrar a saída, a incerteza, que desvia o foco dos nossos pensamentos, que fecha a torneira das possibilidades e remete a coragem adquirida com a maturidade e as repetidas vezes que vencemos os mesmos desafios, ao patamar de principiante, de jogador estreante na final do campeonato, de quem está começando a caminhada e não sabe como vai chegar. Sentimos fraquejar as forças, na busca por um apoio, que possa nos segurar no topo,  um pedacinho de pau que seja que nos mantenha na superfície sem afundar. Esse último suspiro, o fim da picada, só dá aquele que, em meio ao caos mantém a confiança no sobrenatural, crê no milagre, no improvável, naquilo que não tem explicações. Esse ser gigante, frágil, que sente medo, que erra o caminho, que tenta de novo, encontra colo, porque não desiste, vai até o fim e vive o inesperado.

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