Preguiça social

Houve um tempo, na juventude, que a necessidade de uma vida social intensa nos impulsava na direção das pessoas, das luzes e do barulho. Muitas festas, muitos encontros, muitos eventos. O mais importante era não ficar sozinho e ter algo para fazer, conhecer gente nova, não havia restrições. Funcionava assim, primeiro a gente conhecia, depois decidia, se valia a pena. Mas, com o passar dos anos, nos tornamos seletivos demais, ocupados e intolerantes, não temos interesse por qualquer evento, não buscamos a presença de qualquer pessoa, nem aceitamos estar ao lado, sem que haja interesses comuns. Chega o tempo das coisas especiais, cheias de brilho, daquelas que preenchem a alma, de andar com seres iluminados, pessoas muito interessantes, necessitamos de algo mais, nesses relacionamentos. Não temos tempo para testar, plantar e esperar crescer, o sujeito tem que dizer a que veio no primeiro momento, não podemos esperar. Penso que, por este motivo, há um desaceleramento da vida social, colocamos o pé no freio, há certa paz em estar sozinho. Há, nessa situação, um porém substantivado, forte, de que essa preguiça social nos impede de viver novas experiências, conhecer pessoas interessantes, descobrir novas formas para viver. Chamo de preguiça social, porque não queremos ter trabalho para desvendar os segredos da alma, buscar no contato, respostas para as dúvidas que surgirem, não queremos saber sobre os segredos. Temos maturidade para decidir viver sozinhos, mas acomodados, não teremos o novo para misturar aos ingredientes do bolo. A gente se fecha, fica em casa, porque não precisa mais do barulho e das luzes intensas, aprendemos a estar só e a enxergar no escuro, dá até para comer o bolo velho com as luzes apagadas.

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