Eu ou nós

Já não sei dizer todas as coisas que me dão prazer. Com o passar dos anos, perdemos a capacidade para saber das coisas que gostamos de fazer, daquilo que já gostamos outrora. Poucas, são as oportunidades para preencher o tempo, com atividades que alegram o nosso ser. Já fui moça, e lembro bem, que as coisas funcionavam de outro jeito, era só eu que importava, agora são tantos compromissos, que não sei ao certo se quero fazer, porque "eu" não importa, o "nós" é que conta. Chega um tempo, que a gente deixa de existir como pessoa, vivemos em função dos compromissos familiares. A gente trabalha, trabalha e volta e continua trabalhar e paga contas e compra coisas e trabalha de novo, e faz comida e lava a louça e trabalha e lava a roupa e logo começa a passar e trabalha tudo de novo e começa novamente o processo. É tudo tão automático, que a gente deixa de perceber a passagem do tempo e esquece que aquele momento não vai mais voltar. Guardo na mente, o tempo que era eu, o relógio andava mais devagar, mas essas lembranças não apagam o prazer que tenho nessa vida acelerada e compartilhada com pessoas que fazem a minha existência ter sentido. Ser eu, é prazeroso, sempre sabia o queria, mas quando penso em nós, só sei dizer que nunca fui tão feliz. Nesse emaranhado de desejos e vontades diversas, separo um tempo, para ser quem quero, fazer o que gosto e não importa se precisar estar só, quando falamos em "nós", desejos individuais nunca são bem vindos. Vai sozinha mesmo, de vez em quando é bom ter um encontro consigo mesma. Queremos fugir, essa existência perde o sentido, quando esquecemos a nossa identidade individual, para sermos felizes e voltar tendo a certeza das escolhas certas, em algum momento, a gente precisa desse encontro, eu e eu, só para refrescar a memória e saber quem somos, quando o eu, era só. 

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