A gente quer conjugar o agora

As nossas ações caminham com mais frequência na direção dos resultados imediatos, daqueles que se mostram instantâneos, que são visíveis no momento em que são praticados. Há uma dificuldade na absorção de coisas que levam tempo para aparacer. A gente desiste de aprender novas atividades, porque leva tempo para absorver qualquer aprendizado. Desistimos também, de algumas dietas, porque paramos de comer em excesso por alguns dias e não emagrecemos ou porque emagrecemos e pensamos que o nosso metabolismo é cego, nem vai perceber que retomamos nossos antigos hábitos exagerados.
A gente sempre pensa no prazer imediato, em fazer coisas que preencham os nossos anseios de forma instantânea, que não exija grandes esforços e nem tempo para acontecer. Não plantamos sementes, para não esperar o tempo da germinação, o pomar demorava para produzir, anos e anos esperando os frutos aparecerem, na época certa. A gente não sabe esperar pelo retorno da mensagem, cartas levavam meses até chegar a resposta. Isso reflete até na hora de cozinhar, a comida tem que ser prática, rápida e fácil de fazer, preparações complicadas e elaboradas estão abolidas das nossas receitas. A roupa, quanto menos trabalho exigir na sua manutenção, melhor, não importa que a qualidade seja inferior. Nos tornamos reféns do retorno imediato, esquecemos que a roda não precisa girar tão depressa, a gente não vê o tempo passar, não sabemos mais como aguardar, a gente quer conjugar o agora. O livro pode ter muitas páginas, a receita pode ser complicada, a dieta é para sempre. O que importa, não é o tempo do resultado, mas quanto das nossas necessidades estarão preenchidas com qualidade, se pudermos esperar o tempo certo do cozimento, a gente pode mudar o mundo, com ações mais elaboradas. A tendência é diminuir a velocidade das ações. O mundo resgata ações para viver melhor, slow motion, slow food, slow action,  põe o pé no freio, caminha mais devagar, espera o tempo acontecer, tem coisas boas.     

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