Corações endurecidos, atiram pedras

 Não é de hoje que os nossos sentimentos estão mudando, já não importa mais o cuidado com o outro, há um esfriamento das relações interpessoais. Não há um envolvimento emocional no entorno das nossas edificações. Vizinhos são apenas pessoas que decidiram morar ao seu lado por conveniência, não sabemos o nome, o que fazem, nem de onde vieram. Primos são parentes bem distantes, acabaram as visitas na casa das tias, não há um convívio permanente. As casas das avós, estão com as portas fechadas, a tampa colocada sobre o fogão e a cozinha limpa, indicam que o almoço de domingo, pode ser em qualquer lugar, ou alguém vai comer sozinho. Velórios são apenas para os muito íntimos. O frio é para os fortes, os fracos merecem morrer. Não compartilhamos aflições, nem dividimos as alegrias, importa que as vontades sejam saciadas, que as opiniões não sejam refutadas, que os pensamentos não viagem para longe, para que não fujam da mesmice ou se renda aos medíocres. Vamos, aos poucos, endurecendo os corações, a gente já não se importa com a dor do outro, já não criamos como nossos filhos, os que ficaram órfãos, não é problema nosso, não repartimos o pouco, só o que sobeja e ultimamente as colheitas estão escassas. Se é a gentileza, que gera a gentileza, logo seremos órfãos de todos os sentimentos que nos diferenciam do animais. Apenas animais humanos, corações endurecidos, atirando pedras, naqueles que precisam apenas de amor. A gente vive junto, separados, finda a existência. 

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