A vida faz a gente virar queijo

Tem gente que quando vai embora só deixa boas recordações, a lembrança traz risos e lágrimas. Essas pessoas que tem amor estampado no olhar, adquirem o direito permanente para ficar e não deveriam partir. Não conseguimos pensar em nada que não os inclua, pode ser festa, enterro, fazer nada, problemas ou soluções, estão sempre incluídos, presença vip garantida. Mas um dia, decidem partir, nem quero falar sobre os motivos, alguns se mudam, brigam com a gente, são transferidos pelo trabalho, partem para viver em outros lugares, morrem. E no lugar que ocupavam sobra apenas o vazio, nada que possa ser preenchido, abre-se um buraco que não pode ser fechado por nenhuma pessoa. Um caminho que aos poucos vai perdendo os seus moradores, igual a estradinha do Tejuco que a gente vai passando e lembrando, aqui era a casa da vó Teresa, ali morava o tio Dino, lá era outro tio, um pouco mais adiante morava outro.  E a gente se entristece porque a vida os leva para longe, mas essa mesma vida não tem capacidade para enviar outros que possam preencher os espaços que ficam, sobram somente as boas recordações e uma vontade imensa de chorar. Vida injusta, devolve as pessoas, porque está difícil tampar os buracos que se abriram, com o passar dos anos, estou virando queijo, azeda e cheia  de furos. Meu coração anda arredio, tem medo de se envolver, basta abrir a guarda um pouquinho e lá vem de novo a vida e faz um furo novo.  

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