O cérebro e o coração em sofrimento é surdo


Algumas tristezas não podem ser transcritas em palavras. Diante de algumas tragédias, não encontramos o que dizer, palavras tornam-se desnecessárias, são insuficientes. Quem passa por grandes sofrimentos não espera por dizeres que curem, por vezes, o silêncio é a melhor companhia. A morte, além da vida, detém o poder de engolir as palavras, não dizem nada para quem chora a perda de alguém de forma inesperada e trágica. Quisera eu, nestes momentos de tristezas, encontrar algo para aliviar a dor, dentre todas as palavras que conheço, encontrar a que fosse mais eficiente e alcançasse o objetivo com eficácia, mas sei da inutilidade dessa intenção. Nesses momentos, palavras são desnecessárias, não servem para convencer e nem fazer entender. Quando a gente sofre, o excesso de sofrimento faz a gente se desconectar do mundo, palavras são inconvenientes, chegam a incomodar. Me perdoa, se em algum momento difícil, não consegui ouvir a sua voz e nem disse aquilo que queria dizer, o sofrimento impede que eu escute ou fale sobre a minha dor. Só o silêncio me entende, é o único que aplaca a minha aflição, conhece as minhas limitações e não espera respostas ou justificativas. Essa necessidade de encontrar as palavras certas, não funcionam quando o assunto é tentar amenizar a dor, o sofrimento não encontra consolo nas palavras, não espere que alguém sinta-se melhor porque disse algumas frases na intenção do conforto, o cérebro em sofrimento é surdo, talvez essas palavras sejam inúteis na sua intenção. Se quiser ajudar alguém que sofre por qualquer perda, de forma lúdica, use a linguagem do olhar, das lágrimas ou do abraço apertado, esses sim, na simplicidade da ação, sabem dizer alguma coisa, uma relação de empatia e alteridade, a dor reconhece a língua do amor, e entende sobre o sofrimento e sabe que algumas manifestações de pesar, não convencem.

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