Pula no bonde

Tento buscar a força perdida em meio ao caos, todas as manhãs, não é sempre que quero sair da cama. Tudo o que ainda não fiz, pesa sobre a decisão de levantar. O corpo insiste em ficar inerte diante dos muitos degraus, quero subir deitada, recostada sobre almofadas de cetim, suaves e perfumadas. Mas é utopia achar que chegaremos em algum lugar, sem fazer força, sem esforço a gente desaparece. Ainda que a vontade seja ficar parada, a vida nos impulsiona a seguir, mesmo deitados, a movimentação é constante e a esteira continua ligada. Pode até sentir vontade de desistir, mas não pode impedir que a vida aconteça, enquanto estiver em repouso. A gente cansa na subida, mas não há grandeza e nem glórias para aquele que para antes do topo, e a gente aguarda pelos aplausos. Sonho com a vontade instantânea de sair do anonimato, coisas para produzir, encontrar logo cedo motivos concretos que façam aniquilar a preguiça e comece a gerar resultados positivos. A gente levanta para vencer e quer ficar deitado quando perde o jogo. Há uma inversão de valores impulsionados pela derrota, ficamos inseguros, em algumas situações não admitimos refazer o trajeto e essa não aceitação, faz a gente temer subir novos degraus e não alcançar o destino planejado, não aprendemos a levantar para correr riscos. O dia que a viagem, o trajeto, tornar-se mais importante que o fim do caminho, a gente vai aprender a valorizar a subida e entender que mais importante é chegar, ainda que seja necessário curtir alguns desvios. Levanta, a vida está de partida, pula no bonde.

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